Glifosato: para que serve e quando é indicado?

Conheça o herbicida glifosato e suas implicações para um manejo mais sustentável das plantas daninhas.
23 de julho de 2024

Entre os vários desafios enfrentados pelos agricultores e gestores de terras está o controle de plantas indesejadas que competem com as culturas desejadas. 

O glifosato, um dos herbicidas mais utilizados em todo o mundo, é um potente auxiliar no controle de ervas daninhas. No entanto, seu uso não está isento de controvérsias e preocupações, especialmente em relação aos seus potenciais impactos ambientais e na saúde humana. 

Este artigo tem como objetivo apresentar o que é o glifosato, sua função e as situações em que seu uso é indicado, além de examinar as preocupações ambientais e de saúde associadas a este herbicida. Venha entender:

O que é glifosato?

O glifosato é um herbicida amplamente utilizado para controlar o crescimento de plantas indesejadas, também conhecidas como ervas daninhas. Ele funciona inibindo uma enzima essencial para o crescimento das plantas, interrompendo assim seu desenvolvimento. 

É frequentemente aplicado em áreas agrícolas, em jardins e em espaços públicos para manter as plantas sob controle. No entanto, seu uso tem sido objeto de controvérsias devido a preocupações ambientais e de saúde, com algumas pesquisas sugerindo possíveis impactos negativos na biodiversidade e na saúde humana.

Mecanismo de ação do glifosato

O glifosato é um herbicida que atua inibindo uma enzima chave nas plantas, a 5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPS). Esta enzima está envolvida na via metabólica conhecida como via do ácido chiquímico, que é essencial para a produção de aminoácidos aromáticos, como a fenilalanina, a tirosina e o triptofano. 

Esses aminoácidos são precursores de muitas proteínas, hormônios e compostos secundários importantes para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Quando as plantas são expostas ao glifosato, ele é absorvido principalmente pelas folhas e, em menor medida, pelas raízes, e então é transportado para as partes em crescimento da planta, onde atua. O glifosato age como um análogo do fosfato, competindo com o fosfato natural no EPSPS.

Ao se ligar ao EPSPS, o glifosato inibe a atividade dessa enzima, impedindo assim a produção dos aminoácidos essenciais. Como resultado, ocorre uma interrupção na síntese de proteínas e outros compostos fundamentais, levando ao declínio do crescimento da planta e, eventualmente, à sua morte.

Quando o uso do glifosato é indicado?

Aqui estão algumas situações em que o uso do glifosato é comumente recomendado:

Agricultura convencional e culturas transgênicas tolerantes ao glifosato

Na agricultura convencional, as ervas daninhas podem competir com as culturas alimentares por nutrientes, água e luz solar, reduzindo assim o rendimento das safras. O glifosato é um herbicida eficaz para controlar uma ampla variedade de ervas daninhas, permitindo que as culturas se desenvolvam sem competição excessiva.

As culturas geneticamente modificadas para serem resistentes ao glifosato são projetadas para tolerar a aplicação do herbicida, permitindo que ele seja usado para controlar as ervas daninhas sem prejudicar as plantas cultivadas. Isso simplifica o manejo de ervas daninhas e pode reduzir a dependência de herbicidas mais agressivos.

Pré-plantio e pós-plantio

Antes do plantio das culturas, é comum realizar a aplicação de glifosato para limpar o terreno de ervas daninhas, o que ajuda a preparar o solo para o plantio.

Após o plantio, o glifosato pode ser aplicado para controlar o crescimento das ervas daninhas emergentes, reduzindo a competição com as plantas cultivadas e garantindo condições ideais para seu crescimento.

Manutenção de áreas não agrícolas

Em áreas não agrícolas, como parques, estradas, calçadas e áreas urbanas, o glifosato é frequentemente usado para controlar o crescimento de ervas daninhas. Isso ajuda a manter essas áreas limpas e seguras para uso público, além de reduzir o risco de incêndios em áreas com vegetação densa.

Manejo de vegetação em florestas e áreas naturais

Em certos casos, o glifosato é utilizado para manejar a vegetação em florestas e áreas naturais. Isso pode incluir o controle de plantas invasoras que competem com espécies nativas, ajudando a preservar a biodiversidade local.

Controle de plantas aquáticas nocivas

Em corpos d’água, como lagos, lagoas e canais, o glifosato pode ser usado para controlar o crescimento de plantas aquáticas invasoras, como a alga-d’água e o aguapé. Essas plantas podem obstruir a navegação, interferir na qualidade da água e prejudicar a vida aquática, e o glifosato é uma ferramenta eficaz para controlá-las.

Glifosato
Glifosato: para que serve e quando é indicado? 3

Em todas essas situações, é importante seguir as recomendações de uso do glifosato, incluindo dosagem adequada, métodos de aplicação e precauções de segurança, a fim de minimizar os impactos adversos no meio ambiente e na saúde humana.

Métodos de aplicação e dosagem recomendada

Os métodos de aplicação e dosagens recomendadas do glifosato podem variar dependendo da situação específica, como o tipo de cultura ou vegetação a ser controlada, as condições climáticas e as regulamentações locais. 

Alguns métodos comuns de aplicação:

  • Pulverização foliar: a pulverização foliar é um dos métodos mais comuns de aplicação de glifosato. Nesse método, o herbicida é diluído em água e aplicado diretamente sobre as folhas das plantas daninhas. É importante garantir uma cobertura uniforme das folhas para uma eficácia máxima.
  • Aplicação com equipamento terrestre: equipamentos terrestres, como pulverizadores motorizados, são frequentemente usados para aplicar o glifosato em grandes áreas agrícolas ou não agrícolas. Esses equipamentos permitem uma aplicação precisa e eficiente do herbicida.
  • Aplicação com equipamento aéreo: em áreas de difícil acesso ou grande extensão, a aplicação aérea de glifosato pode ser utilizada. Aviões ou helicópteros são usados para pulverizar o herbicida sobre a vegetação alvo. Esse método requer cuidados adicionais para evitar a deriva do herbicida para áreas não destinadas.
  • Aplicação dirigida: em situações onde é necessário minimizar a exposição de culturas ou plantas não alvo ao glifosato, a aplicação dirigida pode ser empregada. Nesse método, o herbicida é aplicado diretamente sobre as plantas daninhas, utilizando técnicas que reduzem a pulverização em áreas circundantes.

A dosagem recomendada de glifosato pode variar dependendo da concentração do produto comercial, das espécies de plantas alvo e do estágio de crescimento das mesmas. Geralmente, as dosagens são expressas em termos de volume de produto por área, como litros por hectare (L/ha) ou mililitros por metro quadrado (ml/m²).

As dosagens recomendadas devem ser seguidas conforme as instruções do rótulo do produto e as recomendações de extensão rural ou consultores agrícolas locais. Além disso, é importante considerar fatores como a densidade da vegetação, o nível de infestação de ervas daninhas e as condições climáticas ao determinar a dosagem adequada.

É importante também respeitar os intervalos de segurança entre a aplicação do glifosato e o plantio de culturas sensíveis, bem como as regulamentações locais relacionadas ao uso do herbicida para proteger a saúde humana e o meio ambiente.

Controvérsias e debates sobre os efeitos do glifosato

O uso extensivo de glifosato levantou preocupações ambientais devido à sua potencial contaminação de solos e águas. O herbicida pode persistir no solo por períodos prolongados, afetando a microbiota do solo e a saúde de organismos terrestres e aquáticos. 

A contaminação da água pode ocorrer por meio do escoamento superficial durante a aplicação ou pela lixiviação do produto para aquíferos subterrâneos, afetando a qualidade da água potável e os ecossistemas aquáticos.

Além disso, as preocupações sobre os possíveis efeitos na saúde humana são motivo de controvérsia. Estudos epidemiológicos sugeriram uma possível associação entre o glifosato e certos tipos de câncer, como linfoma não Hodgkin. Há também preocupações com possíveis efeitos hormonais do glifosato, embora as evidências científicas ainda sejam inconclusivas.

Glifosato
Glifosato: para que serve e quando é indicado? 4

Diversas partes interessadas têm posicionamentos divergentes sobre o assunto. Enquanto algumas empresas do setor agrícola defendem a segurança e eficácia do glifosato, organizações ambientais e alguns governos pressionam por restrições mais rigorosas ou mesmo a proibição do herbicida devido aos seus potenciais impactos negativos na saúde e no meio ambiente.

Métodos alternativos ao glifosato

Existem várias alternativas ao glifosato no controle de ervas daninhas, que podem ser agrupadas em métodos biológicos, culturais e mecânicos:

Métodos biológicos

Uso de organismos vivos, como insetos, fungos, bactérias ou vírus, que atuam como agentes de controle biológico contra as ervas daninhas. Por exemplo, insetos herbívoros que se alimentam de plantas invasoras podem ser introduzidos para reduzir sua população.

Utilização de microrganismos que competem com as ervas daninhas por recursos no solo ou que produzem substâncias que inibem seu crescimento.

Métodos culturais

Práticas agrícolas que visam modificar o ambiente de cultivo para suprimir o crescimento de ervas daninhas. Isso pode incluir rotação de culturas, plantio em fileiras estreitas, cultivo intercalar e manejo adequado da cobertura do solo.

Uso de cobertura morta, como palha, casca de árvore ou plástico, para suprimir o crescimento de ervas daninhas ao bloquear a luz solar e reduzir a germinação de sementes.

Métodos mecânicos

Uso de ferramentas mecânicas, como enxadas, roçadeiras, gradeadores e cultivadores, para remover manualmente as ervas daninhas ou perturbar seu crescimento.

Uso de métodos de controle térmico, como o uso de vapor ou chamas, para matar as ervas daninhas através de calor.

Métodos químicos alternativos

Utilização de herbicidas alternativos de baixa toxicidade, como ácido pelargônico (um herbicida de origem natural) ou ácido acético (vinagre), para controlar as ervas daninhas.

Desenvolvimento e utilização de herbicidas seletivos que visam especificamente as plantas invasoras, minimizando os efeitos sobre as culturas desejadas e o meio ambiente.

Ao adotar uma abordagem integrada que combina diferentes métodos, os agricultores podem reduzir a dependência do glifosato e promover práticas agrícolas mais sustentáveis e ambientalmente amigáveis.

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